sábado, 13 de outubro de 2007

PASSEATA/PROTESTO NESTE DOMINGO ÀS 16:00 H NA PONTE JK

Luiz Cláudio convoca a população para pedir o fim da violência no trânsito do Distrito Federal
Familiares das três mulheres que morreram no acidente na Ponte JK preparam manifestação para o próximo domingo. Serão distribuídas mil camisetas com as fotos das vítimas. Ponte JK - sentido Plano Piloto/Lago Sul, às 16:00 (atenção para o horário de verão)

PROTESTO PELA PAZ NAS PISTAS

MARCELA DUARTE
DA EQUIPE DO CORREIO

Vestidos de branco e com
o desejo de que os acidentes
de trânsito não
destruam mais famílias,
Luiz Cláudio Vasconcelos, 50
anos, marido de Antônia Maria
de Vasconcelos, 49 anos, e os filhos
do casal estão organizando
uma carreata e uma passeata para
o próximo domingo. Ao lado
de amigos e familiares, eles pedem
que a população compareça
para pedir paz no trânsito. “Estamos
clamando para que todos
participem. Queremos mobilizar
o maior número de pessoas possíveis.
Não queremos que a morte
da nossa mãe seja em vão”, disse
emocionada a filha, Cláudia
Barreto de Vasconcelos, 28 anos.
A missa de sétimo dia de Antônia
será celebrada amanhã às 19h30
na Nossa Senhora de Nazaré, na
QI 1 do Lago Sul.
Além de amigos e parentes de
Antônia, os familiares das duas
pessoas que morreram no acidente,
que moravam em Goiânia,
deverão participar da manifestação.
A saída da carreata está
marcada para as 16h30, na Catedral.
Os carros partirão em direção
à Ponte JK. Os veículos serão
deixados no início da ponte e o
restante do percurso deverá ser
feito à pé até o local do acidente.
Até o início da noite de ontem, a
família tentava confirmar a presença
de um padre para fazer
uma oração no local. Quanto ao
percurso a família depende também
da autorização do Departamento
de Trânsito do Distrito Federal
(Detran).
Mas ontem, por telefone, o diretor
do Detran, Délio Cardoso,
disse que dará todo apoio aos familiares.
“Esse episódio chocou
toda a sociedade. Eu estou ajudando
pessoalmente na organização
da missa e participarei da
passeata. É um ato de conscientização
importantíssimo,
as pessoas precisam se lembrar
desse acidente”, afirmou Délio
Cardoso.
Os familiares de Antônia estão
preparando cerca de mil camisetas
brancas com as fotos
das três vítimas e pedem que os
participantes usem roupas
brancas. “Nosso desejo é pedir
paz e justiça. Nossa luta para
que o culpado por isso seja punido
está apenas no começo.
Não basta só ele estar preso agora.
Tem que permanecer preso”,
disse a filha. “Faremos uma manifestação
para que ele não fique
impune. Queremos que outras
pessoas que também perderam
parentes no trânsito compareçam.
É uma maneira de pedirmos
um basta nessa situação”,
destacou Luiz Cláudio.

MEDIDAS CONTRA A VIOLÊNCIA

GIZELLA RODRIGUES
DA EQUIPE DO CORREIO

A morte de Antônia Maria de
Vasconcelos, 49 anos, Altair Barreto
de Paiva, 53, e Cynthia Cysneiros
de Assis, 34, ecoou como
um basta. Quatro dias depois
do acidente na Ponte JK, o governo
local decidiu colocar um
fim na violência no trânsito da
capital. Os secretários de Transporte,
Alberto Fraga, o de Segurança
Pública, general Cândido
Vargas de Freire, e o diretor do
Departamento de Trânsito (Detran),
Délio Cardoso, estudam
medidas para endurecer a fiscalização
no trânsito do DF. A ordem
partiu diretamente do governador
José Roberto Arruda,
que não quer que tragédias como
a de sábado voltem a ocorrer
no DF. Os fiscais terão a missão
de impedir que motoristas
como Paulo César Timponi, 49
anos, peguem o volante.
Quando atingiu a traseira do
Toyota Corolla onde estavam as
três mulheres, Timponi dirigia a
mais de 100 km/h (a velocidade
da via é de 80km/h). Além disso,
laudo preliminar da Polícia Civil
apontou a presença de cocaína e
maconha no carro dele. Também
foram descobertas no Golf
uma garrafa de uísque e uma lata
de cerveja. A desconfiança da
polícia é que ele
dirigia pelo menos
alcoolizado.
“Esse acidente é
um absurdo. Ele
reúne duas misturas
muito perigosas:
excesso de
velocidade e álcool”,
afirmou o
secretário Alberto
Fraga.
O governador
Arruda afirmou
ontem que o governo
está em
contato direto e
permanente com
técnicos de outras
unidades da
Federação ligados
ou não aos
departamentos
de tráfego. “São
mudanças grandes
no sistema de
controle e fiscalização”, disse. Segundo
Arruda, os estudos levam
em conta experiências que deram
certo e reduziram a violência
no trânsito em grandes cidades,
como São Paulo. O governador
afirmou que as ações serão anunciadas
em questão de dias. “As
medidas são duras, mas terão de
ser tomadas”, ressaltou.
Os três secretários passaram a
manhã de ontem reunidos, mas
não quiseram
detalhar as medidas
que são estudadas
pelo governo.
De acordo
com Fraga, o
grupo deve entregar
para o governador
uma
lista de sugestões
dentro de quatro
dias. “São apenas
propostas, o
governador vai
escolher as melhores
e anunciálas.
Mas ele está
muito preocupado
com essa situação”,
disse. A
principal proposta
é aumentar
o poder de fiscalização
e multar
motoristas
imprudentes.
Para isso, Detran e Polícia Militar
devem atuar em conjunto em
pontos críticos, com a presença
de radares móveis. “Antigamente,
você via um carro do Detran e segurava
o pé. Hoje, as pessoas buzinam
para o carro sair da frente.
Isso está errado. O Estado está
perdendo o poder de fiscalização
e por isso as pessoas estão morrendo”,
afirma Fraga.
Outra medida seria a aplicação
da Lei Seca no DF. Fraga disse
que o álcool é responsável
por 80% dos acidentes de trânsito
em todo o país e deve ser combatido
para uma redução efetiva
das estatísticas. “Se eu fosse governador,
proibiria a venda de
bebida alcoólica em quiosques
na beira de rodovias. A bebida é
a grande causadora de mortes
no trânsito”, ressaltou. O secretário
também falou da importância
das campanhas educativas
atingirem não apenas os jovens
e estudantes, mas os condutores
mais velhos. “Comentamos
aqui na reunião que esse
acidente não foi causado por um
jovem, mas por um homem de 49
anos”, afirmou.
Entre as mudanças, está descartada
a redução da velocidade
da Via Expressa da Ponte JK, que
em abril subiu de 70km/h para 80
km/h. “Subir a velocidade em
10km/h não interferiu em nada.
Colocar a culpa na velocidade é
mudar o foco do acidente e tirar a
responsabilidade do motorista irresponsável”,
disse Délio Cardoso.
O diretor do Detran ressaltou
que, depois da alteração da velocidade,
duas barreiras e dois pardais
foram instalados na entrada
e saída da ponte, nos dois sentidos.
“Dobramos a fiscalização.
Não podem colocar a culpa no
aumento da velocidade."

"SÃO MUDANÇAS GRANDES NO SISTEMA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO. AS MEDIDAS SÃO DURAS, MAS TERÃO DE SER TOMADAS."
José Roberto Arruda, Governador do Distrito Federal.

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