Não foi acidente. Não foi fatalidade. Foi ASSASSINATO

Brasília, domingo, 07 de outubro de 2007

Motorista foragido tem 11 multas por excesso de velocidade. Evie Gonçalves Do CorreioWeb
Paulo H. Carvalho/CB
Acidente provocado por racha matou três mulheres

07/10/200718h22-O motorista do Golf envolvido no acidente que matou três mulheres neste sábado, Paulo César Timponi, acumulou 11 multas por excesso de velocidade só neste ano, o que lhe rendeu 16 pontos na carteira. O professor de educação física está foragido desde a noite deste sábado após ser acusado de participar de um racha na Ponte JK. O advogado do acusado afirma que ele vai se apresentar nesta segunda-feira à 10ª Delegacia de Polícia.
Motorista foragido deve se apresentar nesta segunda
Acidente na Ponte JK mata três mulheres De acordo com investigações do Departamento de Trânsito (Detran-DF), Timponi transferiu boa parte das multas e suas respectivas pontuações para a esposa e a filha. “Se ele não tivesse transferido os pontos, a carteira já havia sido cassada há muito tempo”, afirma o diretor do Detran, Délio Cardoso. O professor de educação física aproveitou uma brecha na legislação de trânsito para garantir o direito de dirigir. Atualmente, caso o motorista comprove que não teve participação na infração, ele pode transferir os pontos da carteira para o suposto responsável. No caso do professor, a situação chega a ser inusitada. Todas as multas foram pagas. “Ele é um bom pagador, mas um péssimo motorista”, afirma Délio. Ainda neste domingo, o diretor do Detran esteve na 10ª DP para colaborar com as investigações e buscas do outro motorista da S10 vermelha que teria participado de um “pega” na ponte JK. Porém, independente dos rapazes ainda não terem se apresentado, uma medida já foi tomada pelo Detran: a apreensão da carteira de Timponi. “Na minha gestão, esse cidadão não dirige mais. Além da quantidade de multas, ele fugiu, não prestou socorro e há indícios de que estaria dirigindo alcoolizado porque os agentes encontraram garrafa de uísque e uma lata de cerveja aberta no porta-copo do carro”, afirma o diretor. Investigações O Detran atua em duas linhas de investigação. Nesta segunda-feira, as fitas magnéticas do pardal, que fica há 50 metros do local do acidente, serão impressas. Com o documento em mãos, os técnicos do Detran poderão identificar todos os carros que sofreram multas naquele pardal. Também haverá a impressão das fitas da barreira eletrônica, localizada no começo da ponte, no sentido Plano Piloto Lago Sul. Se o motorista da S10 tiver passado acima da velocidade máxima permitida, 60 Km na barreira e 80Km no pardal, o endereço do responsável pode ser descoberto pela placa do carro. Outra linha de investigação do Departamento é um levantamento sobre todas as caminhonetes S10 vermelhas do DF. “Por esse lado, fica bem mais difícil, porque segundo nossas pesquisas, existem 712 S10 vermelhas no DF”, ressalta Délio Cardoso. A situação se complica mais ainda porque a caminhonete foi a única que não esteve envolvida em colisão, ou seja, não tem marcas. A situação seria muito mais fácil de ser descoberta se as barreiras e pardais do DF monitorassem a velocidade de todos os carros por gravação. Hoje, a placa do carro só pode ser descoberta caso o motorista ultrapasse a velocidade permitida. Segundo Délio Cardoso, há um projeto em fase de publicação do edital, chamado Trânsito Inteligente, que prevê justamente a filmagem dos veículos. “Ate o fim do ano, vamos entregar o serviço à população. Este tipo de infração vai acabar”, promete. Fiscalização eletrônica A distância entre a barreira eletrônica e o pardal na ponte JK, sentido Plano Piloto Lago Sul, é exatamente de um quilômetro e cem metros. Como o asfalto da pista é bem liso, é comum que os motoristas passem pela barreira e acelerem o carro novamente. Uma solução apontada por motoristas que circulam na ponte seria a colocação de um novo pardal no meio do caminho. Délio Cardoso não concorda com a sugestão. “Não temos condições de colocar um pardal há cada quilômetro no DF. Nada garante que se houvesse um pardal no meio da ponte, Timponi não iria acelerar de novo”. Para Délio, o Detran tem que buscar a causa do problema, o que segundo ele, é combater o abuso de álcool no trânsito.